Resumos de Dissertações e Teses: Eficácia do método Meir Schneider de autocuidado em pessoas com distrofias musculares progressivas: ensaio clínico Fase II.
Resumo
As pessoas com distrofias musculares progressivas vivem o limite do conhecimento médico e aguardam resultados de pesquisa da prevenção, da reabilitação e mesmo da cura dos indivíduos portadores. Nesse contexto, discute-se a eficácia do método Meir Schneider de autocuidado ("self-healing"), baseado em ensaio clínico Fase II em 12 pessoas com distrofias musculares progressivas, sob tratamento ambulatorial intensivo e não intensivo. Foram atendidos sete portadores de Distrofia Muscular Duchenne - DMD (três intensivos), três de Distrofia Miotônica de Steinert - DMS (um intensivo) e dois de outros tipos (um intensivo). O tratamento intensivo foi ministrado em três sessões semanais e o não-intensivo em uma sessão semanal. O atendimento foi ministrado em universidade federal da região sudeste do país, em São Carlos-SP, no período de junho de 1995 a agosto de 1996. Dois instrumentos adotados em pesquisas multicêntricas internacionais foram escolhidos para avaliação das pessoas: o Protocolo de Avaliação Funcional de Brooke et alli (1981), aplicado a cada três meses e o Índice de Satisfação de Vida, forma A (McDOWELL & NEWMANN, 1987) a cada quatro meses. Os resultados mais sensíveis ao método de autocuidado foram a força muscular e a satisfação de vida. Foram construídos no presente trabalho os indicadores funcionais, que tratam da comparação da força muscular dos movimentos complementares de três regiões corporais selecionadas: ombros (movimentos de abdução horizontal e adução horizontal); cotovelos (movimentos de extensão e flexão) e joelhos (movimentos de extensão e flexão). Estes indicadores, associados à satisfação de vida representam o reconhecimento dos ganhos "dose-dependente" proporcionados pelo método, tanto na forma intensiva quanto na não intensiva. Nas três crianças com DMD do grupo intensivo, meninos de 5 e 6 anos, observou-se a equalização de valores nos indicadores funcionais o que promoveu maior coordenação e estabilização dos movimentos em ombros, cotovelos e joelhos. Também houve flutuação de força ao longo do tratamento mas com aumento global. As quatro crianças DMD do grupo não-intensivo, meninos de 7 a 10 anos, tiveram perda nos indicadores funcionais e na força muscular global, decorrente do crescimento corporal em peso e altura. Todas as famílias de crianças com DMD dos grupos intensivo e não-intensivo mantiveram sua satisfação de vida em níveis altos, mesmo em fases críticas, no primeiro grupo associada à confirmação diagnóstica e no segundo à perda da marcha dos meninos em idade escolar. O estudo de três dos cinco casos tratados intensivamente, um de DMD (menino de 5 anos), um de DMS (mulher de 54 anos) e um de distrofia muscular congênita (menino de 4 anos) mostraram a relação da eficácia desse método com o suporte familiar para a execução do programa domiciliar e com a capacidade intelectual da pessoa em atendimento. Concluiu-se que o método de autocuidado intensivo é eficaz em pessoas sem déficit intelectual e com suporte familiar. O método, de forma intensiva e não-intensiva, mostrou-se eficaz no suporte emocional para lidar com as fases críticas da doença. É também parcialmente eficaz em pessoas resistentes à mudança de hábitos.
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