Projeto de vida e terapia ocupacional: alguns pressupostos e um mapeamento para encontros

Resumo

No Brasil, a Educação Básica, mediante o estabelecimento da Base Nacional Comum Curricular, em 2018, incorporou a noção de projeto de vida como um componente curricular. Todavia, alguns estados já haviam introduzido a disciplina “Projeto de Vida” nas escolas públicas desde a segunda década dos anos 2000, como ocorreu no Programa Ensino Integral do Estado de São Paulo, que delega ao Ensino Médio a função de subsidiar jovens na construção de seus projetos de vida. Diversas áreas do conhecimento demonstram interesse na noção/categoria projeto de vida, entre as quais a terapia ocupacional. Este estudo buscou apreender sob quais pressupostos e aportes teóricos terapeutas ocupacionais têm embasado suas pesquisas e ações técnicas ao abordarem a temática “projeto de vida”. Para tanto, realizou-se uma revisão de mapeamento na biblioteca SciELO, nos periódicos Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo e Revista Interinstitucional de Terapia Ocupacional e na Biblioteca Brasileira de Teses e Dissertações, em período aberto, até janeiro de 2024. Foram reunidos 38 textos que articulam “terapia ocupacional” e “projeto de vida/projeto de futuro”. O conjunto de dados reunidos e sua análise levaram à elaboração de três eixos temáticos que configuraram e delimitaram as formas pelas quais terapeutas ocupacionais utilizam e problematizam a temática, tendo prevalecido práticas voltadas à (re)construção dos projetos de vida do público para o qual se voltam as ações terapêutico-ocupacionais. Pontua-se, ainda, um predomínio em torno dessa discussão nas produções das subáreas “terapia ocupacional social” e “terapia ocupacional na saúde mental”.