Um panorama sobre a Tecnologia Assistiva

Autores

  • Ana Luiza Allegretti University of Pittsburgh

Resumo

Foi com imensa satisfação que aceitei ao convite para escrever o Editorial dosCadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar que, nesta edição, traz um Dossiêdedicado à Tecnologia Assistiva.A conceitualização da Tecnologia Assistiva a compreende como qualquer item, partede um equipamento ou equipamento assistivo, adquirido comercialmente, modificadoou personalizado, usado para melhorar a capacidade funcional de uma pessoa comdeficiência, de acordo com a Assistive Technology Act, de 1998. É reconhecido que o usode um equipamento assistivo pode auxiliar a pessoa com deficiência na participaçãode suas atividades de vida diária; básicas e instrumentais, a fim de que esta atinja oseu potencial de independência máximo.Mundialmente, existem sete diferentes categorias de Tecnologia Assistiva e que temsido o foco de intervenções clínicas e de pesquisas. São elas: a adequação posturalem cadeira de rodas, a comunicação alternativa, as adaptações que facilitam o acessoao computador, as adaptações veiculares, os equipamentos usados para esportee recreação, as adaptações no meio ambiente (residencial, escolar, trabalho) e asadaptações cognitivas.O modelo mais usado para descrever a Tecnologia Assistiva, conhecido como HumanActivity Assistive Technology Model (HAAT Model), define que, para que o terapeutafaça uma avaliação do equipamento asssitivo mais apropriado para a pessoa comdeficiência, o meio ambiente deve ser o primeiro fator a ser levado em consideração.A integração entre o cliente, a atividade a ser realizada e o equipamento devemestar em harmonia, portanto: ONDE a pessoa com deficiência necessita melhorar odesempenho e COMO ela necessita que esta atividade seja facilitada são consideraçõesfundamentais para o sucesso do uso do equipamento, uma problemática mundial.Outro ponto muito importante está em contemplar o “client-centered approach”, isto é,uma abordagem que seja centrada no cliente. Um elemento chave durante o processode avaliação consiste em possibilitar ao cliente a experimentação dos equipamentosantes que estes sejam prescritos. Um bom relacionamento com os fornecedores dosprodutos e os terapeutas é fundamental. Logo, os terapeutas devem conhecer osprodutos disponíveis, testando-os com os seus clientes e fazendo os ajustes necessários,o treinamento e o acompanhamento quanto ao seu uso.Cada vez mais, o avanço tecnológico tem impactado diretamente no desenvolvimentode equipamentos assistivos, o que ilustra o crescente desenvolvimento de pesquisase intervenções inovadoras. O aparecimento dos “smart phones” e dos “tablets” e seusaplicativos colocou os aparelhos assistivos num outro patamar tecnológico. Pessoascom deficiência, que necessitam especialmente de equipamentos que os auxiliem coma comunicação, memória, planejamento das atividades diárias entre outras tarefas,podem se beneficiar com estes equipamentos no desempenho de atividades cotidianasde forma independente e funcional. Esses avanços devem ser acompanhados por investigações e intervenções que possam documentar seus efeitos e benefícios comessa população.Destaca-se que em alguns países já existem associações responsáveis pelos profissionaiscapacitados em prescrever equipamentos assistivos e promover cursos para os profissionaisinteressados na área de Tecnologia Assistiva. Por exemplo, nos Estados Unidos existea Rehabilitation Engineering Society of North America (RESNA), fundada em 1979, noJapão, a Rehabilitation Engineering Society of Japan (RESJA), fundada em 1986, e naEuropa a Association for the Advancement of Assistive Technology in Europe (AAATE),fundada em 1998. A RESNA oferece o credenciamento de profissionais que trabalhamcom a Tecnologia Assistiva. Esse credenciamento ainda não é obrigatório, mas existeuma tendência para que isto ocorra, uma vez que o Assistive Technology Professional(ATP) está se tornando cada vez mais necessário devido às mudanças no sistema desaúde e de reembolso nos Estados Unidos.Por outro lado, no Brasil, a prescrição de equipamentos assistivos não é recente, masa ciência chamada Tecnologia Assistiva ainda é. Nessa direção, o panorama apontaque ainda temos muito trabalho a fazer. Positivamente, esse Dossiê de TecnologiaAssistiva nos mostra que estamos no caminho certo para o desenvolvimento de umaTecnologia Assistiva baseada nas necessidades da população brasileira e respaldadapelas políticas públicas do país.Por fim, cabe destacar que a presente edição do “Cadernos de Terapia Ocupacional”marca a inclusão dessa revista do Directory of Open Access Journals – DOAJ. Trata-sede um diretório de livre acesso às revistas científicas. O diretório tem por propósitoaumentar a visibilidade, bem como o acesso às revistas acadêmicas que têm os seustextos completos disponibilizados gratuitamente. Nesse sentido, é importante salientarque se trata de mais uma forma de divulgação internacional dos trabalhos produzidospelos terapeutas ocupacionais brasileiros.Espero que os leitores apreciem a produção de conhecimento deste Dossiê e utilizemas evidências mostradas nesta edição para melhorar a sua prática clínica.

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Publicado

2013-04-29

Como Citar

Allegretti, A. L. (2013). Um panorama sobre a Tecnologia Assistiva. Cadernos Brasileiros De Terapia Ocupacional, 21(1). Recuperado de https://cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/723

Edição

Seção

Editorial