Pode o corpo ser mais que um autômato a ser consertado? Encontros entre a filosofia de Espinosa e o conceito Bobath
DOI:
https://doi.org/10.1590/2526-8910.ctoARF269335121Palavras-chave:
Terapia Ocupacional, Ensino Superior, Corpo Humano, Reabilitação, Reabilitação NeurológicaResumo
Este ensaio reflete sobre o ensino do conceito Bobath junto aos estudantes de graduação de terapia ocupacional da Universidade de São Paulo considerando as premissas da filosofia de Espinosa, que compreende o corpo como relacional, e suas interrelações com as intervenções terapêuticas ocupacionais. Essa filosofia é utilizada como ferramenta para analisar as experiências de ensino do conceito Bobath discutidas no ensaio. São analisados aspectos relacionados ao corpo compreendido como máquina, mecânico, orgânico, entre outras adjetivações, como preconizado nas premissas cartesianas, que fundamentam as práticas biomédicas modernas no campo da saúde e em outras áreas. Em seguida, o conceito de corpo relacional na filosofia de Espinosa é apresentado em suas interrelações com a terapia ocupacional como uma alternativa ao modelo biomédico. Para tanto, há que considerar o conceito de desejo – que não é falta, mas presença – como proposto por Espinosa, que lembra que ele é a origem da ação na relação com outros corpos. Por fim, a experiência do ensino do conceito Bobath é analisada sob a perspectiva de Espinosa. As aulas que abordam tais conteúdos são práticas, sem anotações, dialogadas, com experimentações corporais e simulações e ensinam os procedimentos. A memória corporal é priorizada no processo de ensinoaprendizagem. São apontados os limites de todas as técnicas corporais, que são recursos, não a totalidade das intervenções terapêuticas ocupacionais. Faz-se necessário ensinar o conceito Bobath e democratizá-lo para que seja amplamente utilizado em diferentes serviços da rede pública de saúde.
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