RESUMO DE TESE: A TESSITURA DA REDE: ENTRE PONTOS E ESPAÇOS. POLÍTICAS E PROGRAMAS SOCIAIS DE ATENÇÃO À JUVENTUDE – A SITUAÇÃO DE RUA EM CAMPINAS, SP.
Abstract
A temática da juventude tem sido construída como categoria sociológica e abre o debate sobre a necessidade da
criação de políticas sociais que se direcionem para a promoção de acesso aos direitos de crianças, adolescentes e
jovens, destacando-se aqueles provenientes de grupos populares. As políticas sociais, entendidas como um conjunto
de ações articuladas e reconhecidas como “necessidades humanas”, realizam intervenções consoantes ou distantes
dos ideários estabelecidos. Propõe-se descrever um dos programas do Plano Municipal para a Infância e Juventude,
implementado em Campinas, SP, durante a gestão 2001-2004. O Plano era composto de dez programas temáticos,
sendo analisado o “Criando Rede de Esperança”, o qual tinha meninos e meninas em situação de rua como populaçãoalvo.
Investiga-se a rede de serviços componente do Programa no período de 2001 a 2006, questionando-se o
estabelecimento efetivo de inovações sociopolíticas e a produção de mudanças na vida de seus usuários. Os
procedimentos de investigação foram: entrevistas semidirigidas com gestores das diferentes Secretarias componentes
da rede, coordenadores e técnicos dos serviços e os meninos e as meninas; grupos de atividades com os adolescentes
nas instituições; e observação participante no equipamento da Saúde. Lançou-se mão ainda do acompanhamento de
alguns adolescentes nas ruas. Foram utilizadas trajetórias de vida de cinco jovens para a apresentação dos serviços
e temáticas que as perpassavam. Observou-se que a dinâmica entre os atores configura-se sob uma tensão com
compreensões nem sempre congruentes entre os objetivos institucionais e de seus usuários, gerando pouco avanço
na produção de direitos para esse grupo populacional. Aponta-se que as políticas sociais concentram limites nas
ações desenvolvidas, marcados pela estrutura política neoliberal do Estado democrático capitalista, bem como
evidenciados pela execução de ações que se dirigem para a individualização de problemas e pouco progresso na
compreensão e enfrentamento coletivos. Todavia, produzem também um nível de cuidado e atenção que se constitui
como pontos de apoio para essa população. As políticas sociais armazenam as possibilidades de consolidar efetivamente
inovações sociopolíticas e caminham para a promoção dos direitos dos jovens brasileiros de grupos populares. Para
tanto, demarca-se o desafio de as ações sociais, entre elas as de saúde pública, estabelecerem práticas inovadoras
e efetivas para a promoção de direitos.