Editorial
DOI:
https://doi.org/10.4322/0104-4931.ctoED2302Abstract
O desenvolvimento científico é um fator crucial para o bem-estar social e assume um papel preponderante dentre os elementos que determinam a riqueza de muitos países. Assim, a capacidade de resolver problemas da sociedade por intermédio do conhecimento científico tem sido considerada como um dos melhores patrimônios de uma nação, sem a qual, nenhum país possui plenas condições de expressivo desenvolvimento. No Brasil, a produção do conhecimento em todas as áreas está intimamente ligada à pós-graduação, que tem provido expressivo incremento da produção científica e permitido a formação de recursos humanos de alto nível. O binômio produção do conhecimento/formação de recursos humanos é fundamental para solucionar problemas regionais e nacionais e garantir o desenvolvimento.
A Terapia Ocupacional tem um percurso recente no contexto da pós-graduação e uma longa jornada a trilhar tanto na produção do conhecimento, quanto na formação de recursos humanos. De fato, a Terapia Ocupacional possui uma história muito recente e conta com apenas um único programa de pós- graduação (UFSCar), que teve suas atividades iniciadas em 2010. Recentemente, em meados de maio de 2015, a área teve aprovado o primeiro curso de Doutorado na mesma Instituição, o qual também é o primeiro da América Latina. Se, por um lado, a abertura desse curso é digna de comemoração, por outro, enseja uma profunda reflexão para que se assegurem crescimentos futuros.
Além da excepcional possibilidade de nuclear a formação de novos docentes/pesquisadores no país e no continente, a produção do conhecimento requer cuidados especiais, particularmente no que se refere aos periódicos específicos dessa subárea. A manutenção e o crescimento desses periódicos é essencial para que os novos conhecimentos possam ser disseminados e que seus docentes tenham veículos qualificados com elevada identidade em relação à especificidades da Terapia Ocupacional. Logo, investimentos coletivos na melhoria qualitativa dos periódicos nacionais que permitam indexações em bases internacionais são essenciais. De fato, não há como as revistas de Terapia Ocupacional obterem a médio prazo um status nacional de excelência sem que seus pesquisadores desenvolvam temas de estudo com foco eminentemente na própria área de conhecimento – Terapia Ocupacional. Outras subáreas que empregaram estratégias similares lograram bons resultados e seus pesquisadores contam, atualmente, com pelo menos uma revista bem indexada em bases internacionais bem estabelecidas. Apesar de serem importantes meios de difusão do conhecimento no país, os pesquisadores da área não podem contar exclusivamente com canais eminentemente nacionais e precisam envidar esforços para que seus estudos tenham alcance internacional a fim de projetá-los nos melhores centros mundiais de pesquisa. Incrementos nas publicações em veículos internacionais precisam ser priorizados para que estudos desenvolvidos no país possam ganhar visibilidade interacional.
No atual sistema de avaliação dos periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os novos critérios aplicados na elaboração do Qualis foram concebidos na perspectiva de corrigir distorções que inviabilizavam a classificação dos melhores periódicos internacionais nos estratos superiores. De fato, os critérios anteriores permitiam que apenas um único periódico fosse classificado no estrato mais elevado (A1). Assim, mesmo que os pesquisadores da área publicassem seus estudos nas melhores revistas da Terapia Ocupacional, tais produtos não seriam reconhecidos como tal. Portanto, o crescimento estava limitado e modificações eram requeridas. A possibilidade de empregar critérios diferenciados para os pesquisadores que investigam nas áreas sociais trouxe um alento importante, especialmente pela sabida diferença nos fatores de impacto dos periódicos dessas áreas. Na atual proposta, o Qualis foi estabelecido de acordo a mediana da “Social Sciences Edition”, especificamente dos grupamentos associados a um conjunto de subáreas com forte ligação à Terapia Ocupacional (Education, & Educational Research, Education, Special, Ergonomics, Family Studies, Public Environment & Occupational Health, Rehabilitation, Social Issues e Social Work), os quais resultaram em um fator de impacto ao redor de 1.0. Esse patamar mediano é bastante diferenciado quando comparado aquele definido para as áreas classificadas como “Science Edition”, que foi de 1.6. Portanto, reconhece-se importantes diferenças relativas aos objetos de estudo decorrentes da diversidade pesquisadores que atuam na área e reduz-se as assimetrias que emergiam do forte viés biológico de algumas subáreas e grupos que circulam na Área 21/CAPES – Educação Física, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Nesse contexto, abre-se uma excepcional oportunidade para que a área tenha melhores condições para iniciar a consolidação de seu crescimento. A trajetória parece ser longa, especialmente pelo fato do Brasil possuir um único programa de pós-graduação, o que ainda é insuficiente para as demandas de um país de dimensões continentais. A Universidade Federal de São Carlos passa a desempenhar um papel de destaque no desenvolvimento da Terapia Ocupacional, não apenas por abrigar o primeiro programa de pós-graduação, mas pela oportunidade de nuclear outros programas, o que garantirá a formação de novos doutores bem qualificados.
Finalmente, parabenizo a todos os envolvidos com o programa e com a revista “Cadernos de Terapia Ocupacional”, que tem sido ótimos e importantes protagonistas do desenvolvimento da Terapia Ocupacional no país. Muitos desafios virão e a mesma dedicação e empenho são necessários para que as alegrias dessa conquista possam motivar muitas outras. Sorte e sucesso!
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