GERAÇÃO DE RENDA E SAÚDE MENTAL: O CENÁRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS
Abstract
No campo da saúde mental e psiquiatria, a utilização do trabalho surgiu no interior
dos hospitais psiquiátricos com a denominação de Tratamento Moral, cujos
princípios estavam calcados na transformação da personalidade e do
comportamento do insano. No Brasil é ainda ambíguo o caráter atribuído ao
trabalho tanto por parte dos serviços de saúde mental como pelos próprios
usuários. Ora é concebido como instrumento terapêutico, ora como forma única
e exclusiva de conquistar e exercer cidadania. Os objetivos deste estudo foram
realizar um levantamento dos projetos de geração de renda nos Centros
Comunitários do município de São Carlos e dos empreendimentos vinculados à
Incubadora Regional de Cooperativas Populares (INCOOP) da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) que de alguma forma estivessem relacionados
à assistência em saúde mental; e identificar, por meio da aplicação de entrevistas
semi-estruturadas, qual a concepção acerca do trabalho adotada pelos
responsáveis por tais projetos e empreendimentos. Foram identificados 19
projetos no município que exercem diferentes atividades, sendo a maioria
relacionada à atividade artesanal e à separação de materiais recicláveis. Também
observou-se que em aproximadamente 37% dos projetos havia a participação
de pessoas com transtornos psiquiátricos. Com relação à análise das entrevistas,
verificou-se que as concepções de trabalho e as percepções com relação ao
papel desempenhado por ele relacionam-se intimamente com a obtenção de
renda e a satisfação pessoal. Ainda, foram identificadas diferenças significativas
entre as percepções de trabalho que as pessoas adotam para si e para pessoas
com transtornos mentais.
